A arte e a cultura são meios de enfrentar e superar a violência. Esses têm sido alguns caminhos que a jovem Lídia Stefani Silva Carmo, de 17 anos, trilha para lidar com suas dificuldades e problemas. Lídia se permite sonhar e constrói novas realidades a partir de sua paixão por literatura e do engajamento coletivo, enfrentando as diversas violências que atingem a juventude.

Lídia nasceu e vive em Itanhaém, município onde há poucas oportunidades de trabalho e as que existem se concentram nas atividades ligadas ao turismo de veraneio. Nesse contexto, sua avó e sua mãe tiveram no trabalho como empregadas domésticas o principal meio de sustento para Lídia, suas duas irmãs e um irmão. Sua mãe, Patrícia, sempre foi sua grande inspiração, No entanto, em 2017, teve uma crise hipertensiva enquanto trabalhava e faleceu.

Contudo, as dificuldades não roubaram de Lídia a capacidade de imaginar. Leitora voraz e escritora desde o sexto ano do ensino fundamental, sua mente viaja pelas mais diversas situações, lugares e populações. A biblioteca da escola se tornou o espaço que mais gostava de frequentar. Em tempos de tecnologia portátil, levou o hábito da leitura para a tela do celular. Essa é uma das atividades que mais ocupa o seu tempo ao longo do dia. Passou a escrever e já tem um livro publicado em formato digital, “Naquele dia chuvoso”, situado no universo da ficção adolescente. Participante da plataforma digital WattPad, ela vem publicando outras obras, agora em formato de episódios.

“Ser jovem é quando seus olhos estão se abrindo e você vai construindo o futuro de sua vida. Conhecendo dores e enxergando o que é a vida.”

Lídia Stéfani

Conheceu a iniciativa Crescer com Proteção a partir do incentivo de seu tio, Thiago Carmo. Após a seleção, passou a participar das atividades de mobilização e, junto a outros jovens de sua cidade, de forma online, estão construindo propostas para transformar seus territórios, sempre em busca da garantia dos direitos humanos dos jovens e adolescentes.

Para isso, criaram um Núcleo de Cidadania de Adolescentes (NUCA), no qual cerca de 10 outros jovens estão sendo mobilizados. O nome desse coletivo é NUCA Pedra que Canta, uma homenagem ao nome “Itanhaém”, que tem esse significado na língua tupi. Pedra que Canta também representa a dureza da luta diária em conjunto com a beleza da arte e da cultura.
Aliás, a arte e a cultura urbana são dois dos eixos principais de ação do núcleo. Questões como a falta de espaços de lazer e cultura, a ausência de universidades no município e as poucas perspectivas de trabalho são também temas que têm permeado essa mobilização.

Assim como se permite sonhar através dos livros, Lídia também sonha com uma realidade melhor para a juventude de Itanhaém. Acredita que através da cultura, em especial a do hip hop, é possível atrair outros jovens e construírem juntos meios de intervir em sua realidade. E é no coletivo que alcançam a força para que tudo isso não fique apenas em suas imaginações, mas se torne realidade.

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