Grupos Culturais

Uma das principais formas de atuação do Instituto Camará Calunga nos processos educativos e de fortalecimento de vínculos é a partir dos seus grupos culturais. Hoje, estão organizados três grupos, localizados em diferentes territórios de São Vicente.

Grupo Percussivo Afrocalunga (Quarentenário)

A trajetória do Grupo Percussivo Afro-Calunga nasce do desejo do Instituto Camará Calunga de fazer valer a voz de crianças e adolescentes nas ruas, nas manifestações do bloco carnavalesco EURECA – Eu Reconheço o Estatuto da Criança e do Adolescente.

O Bloco Eureca é um movimento artístico-político de promoção e luta pelos direitos humanos de crianças e adolescentes. Reconhecido como a maior mobilização permanente pelos direitos da criança e do adolescente no Brasil, o bloco sai às ruas há desde 1992 em São Bernardo do Campo e desde 2006 em São Vicente.

Desde então, o caminho foi sendo construído para que hoje o grupo seja composto por crianças e jovens que se apropriam de diferentes expressões percussivas populares para reinventá-las a partir de suas identidades calungas. Em sua configuração atual, ele trabalha as manifestações do coco, afoxés, maracatu, samba-reggae, samba, entre outros, bem como seus referenciais na história brasileira.

Os encontros acontecem na E.M.E.F Professor José Meirelles, no território do Quarentenário. As técnicas  apresentadas são: agogô, surdo, bacurinha, repinique, caixa, tamborim, ganzá, timbal e atabaque. Além das técnicas percussivas, o grupo também constrói momentos de estudo e formação a partir das manifestações de cultura popular, trazendo suas histórias, contexto cultural e religioso e a importância para o povo negro e sua resistência histórica.

Marcos da Experiência:

  • 2016: participação na Conferência Nacional de Direitos Humanos – Brasília/DF. Participação nos desfiles do Bloco Eureca em São Bernardo do Campo, Sapopemba, São Vicente e Santos;
  • 2017: o coletivo se lança no aprofundamento de sua experiência e nas escritas de projetos em editais nacionais;
  • 2018: em parceria com o grupo de dança Coisa de Preta, cria o espetáculo Afro Calunga de cultura popular brasileira apresentado em algumas cidades da Baixada Santista- SP e em Buenos Aires – Argentina;
  • 2019: o grupo promove e participa de intercâmbios culturais na Baixada Santista e eventos relacionado a Cultura popular brasileira.

Grupo de Dança Coisa de Preta (Vila Margarida)

O Grupo de Dança do Instituto Camará Calunga tem sua história iniciada em 2001. A partir de encontros com aulas de dança africana. Em 2003, tiveram aproximação com uma mulher libanesa que havia aprendido a dançar e viu nessa arte uma possibilidade de repensar a vida, até então pautada, como a vida de muitas mulheres, em relacionamentos abusivos e violentos. A dança foi um ato de coragem.

Dessa forma, passaram a partilhar visões de mundos, questionar posições pré-determinadas principalmente para as mulheres e a criar um espaço íntimo e uma linguagem cultural para o corpo, com raízes históricas femininas. Esse processo resultou em 16 anos de experiência com a dança do ventre, um período em que experimentaram movimentos e aperfeiçoaram seu olhar sobre o corpo feminino como corpo pessoal, coletivo, político, social e institucional. Foi possível também produzir estudos, participar de pesquisas, escritas de livros, produções de curtas metragens, espetáculos, viajar, participar de eventos de mobilização, conferências, simpósios, congressos e premiações.

Em 2017 produziram o espetáculo A Gente não se Acostuma, em que utilizam outras linguagens de dança, como o samba, o funk, o jazz e também as danças africanas. O roteiro foi criado a partir das histórias vivenciadas pelas meninas que  participam do grupo, colocando em pauta e movimento questões importantes do feminismo e feminismo na infância, gênero, raça e classe.

O grupo conta com 34 bailarinas com idade entre 05 e 38 anos, duas educadoras e professoras de dança, uma psicóloga, uma estagiária em psicologia e uma pesquisadora. Todos os processos do grupo, desde a construção do tema, coreografias ou definição dos espaços a serem ocupados, são analisados e construídos coletivamente. Os espaços de criação são um princípio metodológico do Instituto Camará Calunga, que orienta a forma do grupo e suas participantes agirem na sociedade e que garantem que as produções sejam representativas da realidade que vivem.

Habilidades

Postado em

25/11/2020

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